Tudo tem seu tempo
- Caminho de Emaús
- 14 de mar. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de abr. de 2018
Nosso espaço era a chácara do escritor José Mendonça Teles. Ele contou essa história no jornal O Popular e a publicamos aqui

A Comunidade Caminho de Emaús está instalada em uma chácara que foi propriedade do escritor goiano José Mendonça Teles. Após a venda, ele contou no jornal essa história, que reproduzimos a seguir:
"Seguindo o preceito bíblico de que tudo tem seu tempo, lá se foi o meu tempo de chacareiro. Durante vinte e três anos curti, lá pras bandas do Setor Garavelo, uma gleba de terras e cheguei a denominá-la de Parnaso, que, na Grécia antiga, quer dizer Morada dos Deuses.
Adquirida do saudoso médico Valdemiro Cruz, que m’a vendeu a preços módicos, eu costumava dizer, quando me perguntavam o tamanho dela, que estava beirando 100 alqueires. Os amigos exclamavam, eufóricos:
— Você está rico, com 100 alqueires dentro de Goiânia! — mas minha chacrinha beirava a 100, isto é, estava na beira da fazenda de 100 alqueires do doutor Valdemiro.

E, lá, nessa pequena gleba, equivalente a 2 alqueires, durante todo o tempo de vinte e três anos, plantei árvores, inúmeras, de frutíferas a árvores de lei, plantei sonhos, plantei galinhas, deixei voar e cantar os passarinhos.
Acolhi os bichinhos selvagens, não cortei uma árvore sequer, deixei aproximar os macaquinhos, ouvi o canto saudoso de jaós e seriemas, acordava com o canto do galo.

Das galinhas aproveitava somente os ovos. Matá-las? Cadê coragem? Era felicidade demais!
Lá, fiz um pequeno oratório, onde entronizei duas imagens de São José, meu santo protetor. Uma, feita pela Ivana Tomé, foi presente de minha esposa e, a outra, presente do amigo e escritor Jacy Siqueira.

Na chacrinha fiz de tudo o que faz um amante da natureza, as jabuticabas explodiam doçuras, a hortinha não sabia mais o que fazer para me agradar. E no tempo das mangas?
Ah, mas um dia o tempo me chamou a tempo:
— Está na hora, José, seu tempo já passou e não tem mais saúde para cuidar da chacrinha.
Foi, então, que acordei. Vendê-la? Vender pra quem? Alguns possíveis compradores pensavam em projeto de loteamento, tratorar todas as árvores. Aí, não! Foi, então, que entrou na história um corretor divino, São José, o mesmo que está lá no meu oratório.

Quando a freira do Externado São José de Goiânia, irmã Nadir, que procurava uma área nas proximidades da chácara para fundar uma associação religiosa, viu o oratório de São José, na minha chacrinha, não teve alternativa. É aqui!
Minha chacrinha foi vendida e, lá, agora se chama Caminho de Emaús, um centro de estudos, meditação e apoio à criança e à juventude.
Obrigado, meu santo protetor, meu corretor divino! Agora é sonhar que um dia vivi o meu Parnaso porque a realidade é outra e tudo tem seu tempo.
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